quarta-feira, 17 de março de 2010

Eduardo Marques "Ginja" em Entrevista Exclusiva "O Adepto Sesimbrense"

Hoje estamos em entrevista com o atleta Eduardo Marques “Ginja” dos Séniores Masculinos de Hóquei em Patins.

O Eduardo formou-se enquanto jogador no Grupo Desportivo de Sesimbra, passando ao longo da sua carreira hoquista por vários clubes, atingindo o seu auge com as várias chamadas à Selecção Nacional da modalidade.


Adepto Sesimbrense – O que é para si o Hóquei em Patins?

Eduardo Marques - O Hóquei faz parte integrante da minha vida, comecei com 4/5 anos, hoje tenho 35!
Começou como brincadeira, porque na altura jogava-se muito na rua, e na época o futebol que era o desporto que gostava mais só tinha equipas a partir dos 11 anos.
Aquilo que começou como uma brincadeira acabou por se tornar num caso sério, porque acabei por me dedicar de tal forma ao Hóquei que a dado momento me apercebi que era a coisa que mais gostava de fazer e à qual me dedicava com mais afinco.
O Hóquei continua a ser para mim algo especial, aliás não podia ser de outra forma pois só assim se consegue motivação para continuar a treinar e a jogar de forma empenhada.

A.S. – Sendo um jogador que representou a Selecção Nacional por várias vezes, que percurso efectuou ao longo da sua carreira a nível de clubes e de conquistas?

E.M. - Foram 27, as vezes representei a Selecção Nacional nos escalões de Juvenis, Juniores e Esperanças.
A nível de clubes, o meu percurso passou por Sesimbra, Sporting, Benfica, Sesimbra, Barcelinhos, Sesimbra, Física de Torres Vedras e Sesimbra novamente.

Em relação a títulos, os mais importantes foram os seguintes:

-Campeão Nacional Iniciados
-2 Inter-regiões Juvenis -Selecção de Lisboa
-Vice campeão Europa Juvenis
-2 Campeonatos da Europa Juniores
- 1 Campeão Nacional Seniores 1ª Divisão
- 1 Taça de Portugal
-2 vezes Campeão Nacional 2ª Divisão - Zona Sul
- Campeão Nacional Juniores

A.S. – O que sente ao representar o clube da sua terra?

E.M. - Representar o Sesimbra é sempre um sentimento diferente.
Tive a felicidade de conhecer outras realidades, mas foi sempre aqui que me senti como "Peixe na água"!
Há uma mística especial no nosso clube, aqui damos sempre um pouco mais do que podemos e isso vai de encontro á minha maneira de jogar.
As pessoas que vão ao futebol e ao hóquei, perdoam um falhanço de baliza aberta ou um frango do tamanho do mundo, só não te perdoam se fores para o campo e não te esforçares e deres tudo o que tens!


A.S. – Que significado tem para si o Grupo Desportivo de Sesimbra?

E.M. - Acho que é praticamente impossível de separar o G.D. Sesimbra de todos os sesimbrenses, não há praticamente ninguém em Sesimbra que não esteja directa ou indirectamente ligada ao clube, ou foram atletas ou filhos de atletas ou directores...enfim o clube liga-se a todos na vila e aí se vê a sua importância.
A nível pessoal é impossível separar o G.D. Sesimbra da minha vida, passei no clube grande parte da minha infância, e a nível de Séniores esta já é a 14ª época ao serviço do clube.
No que diz respeito ao clube em si, a nível de Seniores o clube apresenta sempre equipas competitivas no futebol, no hóquei e mais recentemente no volei.
Nas camadas mais jovens, o clube movimenta centenas de atletas semanalmente em varias modalidades, o que requer uma logística e organização difícil, e com a construção da piscina o aspecto social do clube fica ainda mais activo, uma vez que deixa de ser apenas o desportista e passa a ser o cidadão comum a usufruir de um equipamento do clube.

A.S.Que diferenças e semelhanças encontra no que diz respeito à modalidade no presente relativamente ao passado ainda quando era um jovem aprendiz?

E.M. - Mudaram algumas coisas: As regras, alguns equipamentos, as equipas trabalham melhor a nível do treino, o jogo tornou-se mais rápido, mais exigente a nível físico, tens que pensar mais depressa, os Guarda Redes tapam a baliza toda...
Contudo, continuam a existir semelhanças. Afinal a essência do jogo é a mesma, 5 jogadores de cada lado a tentar meter a bola dentro da baliza!!

A.S.Tendo passado a sua formação no GD Sesimbra, sente nostalgia quando olha para trás e recorda os tempos vividos enquanto jovem hoquista? Que recordações tem desses tempos?

E.M. - Nostalgia não digo, porque tudo têm o seu tempo e temos que viver com isso.
No entanto, acho que foi uma altura gira, e por vezes quando estou a ver alguns treinos dos miúdos lembro-me que passávamos a semana inteira á espera do sábado de manhã para aprender a patinar, e digo patinar porque jogar com Stick e bola só depois de saber travar e andar para trás, algo que agora é impensável!! Agora o miúdo calça os patins e leva Stick e bola!
Depois quando começámos a treinar 2 vezes por semana uma das imagens que tenho presente é a minha mãe ir á porta da escola ás 18 horas com a mala pronta e um lanche, eu comia à pressa e ia a correr para o treino que começava ás 18.30h...lembro-me também das voltas que dei com o meu avô Pardal para conseguir encontrar patins para o meu numero, era um pé pequeno demais, na altura o pessoal usava 4 e 5 pares de meias para encher a bota! Depois eram as malandrices normais da idade que todos fazíamos.
Curiosamente as lembranças que nos ficam não são dos jogos em si mas dos outros momentos como as viagens para os jogos fora e as brincadeiras no balneário.

A.S. – O Eduardo é um jogador que dá tudo o que tem durante o jogo pelo seu clube mostrando sempre uma enorme garra. Acha que o chamado “Jogar à Sesimbra “ tem sido o espelho deste grupo de trabalho ao longo desta época?

E.M. - Sem dúvida.
Esta é uma equipa com uma determinação enorme dentro e fora do campo.
Mas existem outros factores para a época estar a correr bem, temos trabalhado muito durante a semana, os treinos são mais intensos, a amizade entre os elementos do grupo é uma realidade e isso reflecte-se dentro do ringue.
Depois existe a questão dos cartões e das lesões, nos últimos anos, temos tido a infelicidade de ter muitos jogadores lesionados ou castigados durante o campeonato, este ano isso até agora não aconteceu e está a reflectir-se nos resultados.

A.S. – O nosso Sesimbra está neste momento na 3ª. posição do campeonato a 3 ponto do líder Cascais. O que nos tem a dizer acerca da nossa participação esta temporada? Será que iremos ter uma boa surpresa no final da competição?

E.M. - A época até agora tem sido muito boa.
Tivemos 10 vitórias seguidas, e seguimos nas primeiras posições desde o inicio do campeonato.
Estamos na luta e se no inicio da temporada propusemo-nos a melhorar a classificação da época passada, neste momento os objectivos passam pela subida de divisão, apenas dependemos de nós.
Temos condições para ficar nos 2 primeiros lugares, embora reconheça que as três equipas da frente se equivalem e qualquer uma delas pode ficar para trás.
Acho que todos ainda vão perder pontos e a luta vai ser até ao fim, mas estou confiante porque acredito no nosso valor e no nosso trabalho.

A.S. – Sente-se bem fisicamente e motivado para continuar a representar o seu clube por mais algumas épocas desportivas?

E.M. - Há 2/3 anos pensei seriamente em abandonar.
Andava a ser muito fustigado por lesões, às vezes eram coisas pequenas mas que obrigavam a parar uma ou duas semanas e isso retira-nos o ritmo e a forma.
Depois quando tive a Pubalgia, sentia que não tinha condições para jogar e disse a mim mesmo que se a cirurgia não corresse bem e as dores permanecessem abandonava.
Felizmente correu tudo bem, hoje não tenho problemas físicos, sinto-me muito bem, mas sei que no desporto a diferença entre estar bem ou lesionado pode ser apenas um minuto, por isso não faço planos a longo prazo.
Neste momento, estou motivado para trabalhar bem até ao final da época depois logo se verá.

A.S. – O que sente ao jogar numa equipa em que praticamente todos os elementos são originários da formação do clube, ou como se costuma dizer, numa equipa onde a maioria dos atletas são “filhos da terra”?

E.M. - Não sou muito a favor das separações entre os "filhos da terra" e jogadores de fora, até porque joguei muitos anos fora de Sesimbra e não gostava que o fizessem.
Uma equipa tem que ser um todo, independentemente da origem dos jogadores.
De qualquer maneira acho que é importante para um clube como o Sesimbra apostar na formação, desde que haja qualidade nos jogadores.
Estamos a falar de Séniores, é importante escolher jogadores com qualidade de forma a ter bons resultados.
Se podermos aliar o facto de ter bons jogadores e jogadores provenientes da formação tanto melhor.
Mas eu arrisco a dizer que já temos um plantel totalmente de Sesimbra, uma vez que até o Sousa já saiu no Carnaval com o resto da equipa, pode-se dizer que foi baptizado "Pexito" em Fevereiro.

A.S. – Para finalizar esta entrevista, que mensagem quer deixar aos simpatizantes e adeptos do hóquei e principalmente do G.D. Sesimbra?

E.M. - Acho que a mensagem que se deve transmitir aos Sesimbrenses, vai no sentido de acompanharem mais o clube nos jogos ao fim de semana.
É sempre necessário o apoio do público para conseguir melhores resultados, a presença dos adeptos é essencial para os jogadores e para o clube em si.
Não quero terminar sem desejar a maior sorte ás outras modalidades (Futebol, Volei e Judo) do clube até ao fim da época.
Espero que todos consigamos cumprir os objectivos propostos e que no final possamos comemorar juntos os êxitos alcançados.


Ao Eduardo Marques desejamos as maiores felicidades quer a nível pessoal, quer a nível profissional e que obtenha inúmeros resultados positivos em representação do nosso G.D. Sesimbra.


Agradecemos também a forma como se disponibilizou para nos dar esta entrevista.


O Adepto Sesimbrense.